01 julho, 2012

A Igreja - Romeu Bornelli




Vamos ler em Atos capítulo 10, versículos 13 a 16.
Atos 10:13 E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. 14 Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. 15 Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. 16 Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu.
"Pai, nós queremos encomendar a Ti a Tua palavra. Só o Senhor mesmo pode aplicá-la aos nossos corações, abrindo os nossos ouvidos, o nosso entendimento, para sermos verdadeiramente movidos por ela, transformados por ela. Desejamos não aumentar o nosso conhecimento intelectual da palavra, mas desejamos tê-la plantada firmemente em nossos corações, produzindo fruto a trinta, a sessenta e a cem por um. Nós confiamos em Ti para toda provisão nessa noite. Dá-nos de Ti para estarmos em Ti, e dá-nos a consciência de que somos para Ti. Nós Te pedimos em nome de Jesus. Amém."

Irmãos na reunião anterior, nós tivemos a segunda abordagem a respeito desse assunto, o Corpo de Cristo. Como já tenho dito aos irmãos, esse é um dos sólidos alicerces da revelação bíblica. Tão sólidos quanto os outros que já foram tocados, tão sólido quanto ao nosso bom entendimento a respeito do Deus tri uno, a respeito da encarnação, a respeito da expiação, da justificação pela fé, e todos os alicerces que já temos compartilhado. Uma boa visão, uma visão bíblica, a respeito da realidade espiritual do corpo de Cristo, é fundamental para nós como igreja. Quanta coisa se tem ouvido dizer em nome de igreja que como temos visto com tristes olhos, não passam de verdadeiras empresas que comercializam a fé e a boa vontade de outros. Mas a Bíblia, graças a Deus, ela contém
uma visão clara a respeito do corpo de Cristo. Esse, seria dentro da ordem que temos seguido, o sétimo grande alicerce, fundamento da revelação de Deus em toda a Bíblia.
Na verdade irmãos, a revelação clara do corpo de Cristo se encontra, obviamente no Novo Testamento, mas até mesmo no Velho Testamento nós vemos aspectos importantes da relação de Deus com o seu povo, o qual, Ele, pela sua graça, uniu a si mesmo. Mas nós só conseguiremos extrair as verdades fundamentais a respeito do corpo de Cristo, no Novo Testamento. Fizemos isso na primeira sessão, olhando alguns termos do livro de Atos, que o Espírito Santo usa de forma intercambiável, para falar a respeito dos cristãos, quem são os cristãos. E na reunião anterior, retocamos em um desses pontos, aquele aspecto unidos a Cristo - aparece no livro de Atos algumas vezes - muita gente se uniu ao Senhor. Por exemplo, naquela ocasião em que Barnabé, pregou o Evangelho a alguns irmãos. A palavra diz que ele era um homem bom, cheio do espírito, de fé e muita gente se uniu ao Senhor. Essa é uma das expressões muito significativas de Atos, para designar o cristão. Quem é o cristão? É aquele que se uniu ao Senhor. A palavra grega, istis, significa aderir-se firmemente, colar, grudar, significa também entregar-se, significa também render-se. Significa uma entrega voluntária, fé. Fé aponta para esse aspecto da união com Cristo. Então essa é uma das palavras que designam a nós como sendo corpo de Cristo. Quem somos nós? Nós somos aqueles que pela graça do Senhor, foram unidos a Ele mesmo por meio da fé. Uma fé que não está em nós potencialmente. Uma fé que é dada a nós, por intermédio do Espírito Santo e da palavra. Efésios 2:8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie. Então esse primeiro termo, unidos, que é um termo simples, mas ele é muito importante dentro da nossa visão do corpo de Cristo. Aqueles que pertencem verdadeiramente ao corpo de Cristo, são aqueles que estão unidos a Cristo. Irmão. Essa é a primeira pergunta que você deve fazer. Você está unido a Cristo? Ou você está convencido de algumas verdades sobre Ele? Você está unido a Cristo, ou você está unido a um grupo que aqui se reúne? Porque um cristão é aquele que está, pessoalmente, unido a
Cristo. Se você está unido a Cristo, você tem alguns sinais dessa união, assim como um bebê. Alguém que nasceu, em um nascimento natural, ele vai então expressar ali, através da sua vida - porque há vida natural ali, porque ele foi gerado - vai então expressar sinais dessa vida. Vai chorar, vai rir, vai expressar os seus desejos de alimento, de afeto, de aconchego. Da mesma maneira, a vida cristã tem sinais vitais e nós podemos testá-los em nossas vidas. Nós temos tido desejo pelo Pai, ou nós temos tido comunhão com Ele nas reuniões? O nosso espírito chora, o nosso espírito clama, o nosso espírito geme, o nosso espírito se alegra, goza, tem prazer em Deus? Isso é uma realidade para nós? Tudo isso é conseqüência de uma vida unida a Cristo. Então irmãos nós temos que começar por aí. Irmão, uma verdade tão simples como essa, mas tudo o que é fundamental é simples. Existem algumas verdades na Bíblia que exigem mais que nós vasculhemos a palavra aqui ou ali, para ganharmos alguma compreensão. Mas as verdades mais importantes da Bíblia são as mais simples.
O que é então, em essência, o Corpo de Cristo? É um corpo de redimidos, que estão unidos, pessoalmente, ao Senhor. Ninguém foi batizado por você. Você foi batizado, voluntária e livremente, porque você deu o seu testemunho pessoal e individual de que você está unido a Cristo. Não é isso que significa o batismo? Você vê quão importante é essa verdade da união? O que mais significa o batismo senão união? Unidos com Cristo na sua morte, unidos com Cristo na sua ressurreição, unidos com Cristo na sua ascensão - não é assim que a palavra ensina em Romanos e em Efésios? - unidos eternamente a Cristo. Cristo em vós, a esperança da glória. Nós em Cristo, como o apóstolo João, nos seus escritos enfatizou tanto. Então irmão, não vamos perder o fundamento. O corpo de Cristo, só haverá de ser uma realidade, se nós estamos como indivíduos, verdadeiramente unidos a Cristo. Não a uma idéia, não convencidos na mente, mas unidos no coração e no Espírito. Isso é uma verdade muito importante. Nós temos que começar essa abordagem do corpo de Cristo por aí. Temos que começar por aí, porque essa é a realidade espiritual da igreja. Só para citar mais um exemplo bíblico, para quem sabe você compreender melhor, se você ler Mateus cap. 5 a 7, o chamado
Sermão do Monte, você vai ter ali a realidade espiritual da igreja. Aquelas são as marcas daquele que está unido a Cristo. Ele tem tido o caráter de Cristo formado Nele. Ele não tem mansidão, mas Ele tem experimentado Cristo como sua mansidão. Ele não é humilde por natureza, mas tem experimentado, em Cristo, uma vida de humildade e de dependência. Ele não é capaz de voltar a sua face quando é ferido, mas ele tem aprendido na sua vida de união com Cristo que isso sim é possível, porque Cristo é a nossa vida. E a nossa vida está oculta com Cristo em Deus. Você vê que na verdade, o único que vive a vida cristã é Cristo? Nós não somos habilitados para tão elevada vida. Só Cristo vive essa vida. Então, se nós queremos começar a entender alguma coisa sobre o corpo de Cristo, nós precisamos compreender algo mais sobre Cristo e sobre a nossa união com Cristo, porque esse é o fundamento do corpo de Cristo. Não são pessoas que aderiram à uma idéia. Esses são grupos filosóficos. Não são pessoas que aderiram à certa religião. Esses são grupos religiosos, mas o corpo de Cristo se compõe de pessoas unidas a Cristo. Simplesmente. Então o livro de Atos, usa palavras intercambiáveis, unidos ao Senhor. Crentes é outra palavra que aparece em Efésios, para designar os cristãos. A própria palavra cristão que foi usada no sentido pejorativo no início, um cristão. Essa palavra vem do nome Cristo. Então um cristão é aquele que professa Cristo, que segue a Cristo. Discípulos é também uma palavra importante usada em Atos, porque todo cristão é um discípulo, e nós não podemos separar Cristo como salvador de Cristo como Senhor. Não podemos. Se nós somos corpo de Cristo, então Cristo é o nosso Salvador, e Cristo é o nosso Senhor. E o Corpo de Cristo não terá realidade espiritual se não compreender, vivenciar a Jesus Cristo como Senhor, se tiver apenas uma profissão de fé externa. “Ele é o Senhor, Ele é o meu Senhor”, mas não vidas verdadeiramente rendidas. Não vidas que querem conhecer sua vontade. Não são vidas que tem uma vontade e que chamam a Deus para abençoar essa vontade. Não são vidas que já tem um caminho traçado, e que chamam a Deus para abençoar esses caminhos. Não. São pessoas que compreenderam que são tolas, ignorantes, e que precisam de Cristo como Senhor, para dirigir as suas vidas, nos
aspectos mais simples, mais corriqueiros, no que comprar, no que vender, em como relacionar, no que vestir, etc e etc. Cristo é a nossa vida. Então irmão, o corpo de Cristo na verdade, é uma realidade muito simples, ao mesmo tempo que muito profunda. Realidade espiritual. Nós fizemos isso na primeira sessão.
Na segunda, a reunião anterior, nós falamos sobre o Salmo 133, aquele lindo Salmo, que nos coloca verdades embutidas a respeito da beleza do corpo de Cristo. É um Salmo que enfoca o corpo, o povo de Deus. “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”. Mas, como não há como nós tocarmos o corpo sem vermos bem a cabeça, então aquele Salmo começa pela cabeça, embora ele vá falar do corpo. Que lindo Salmo. Salmo 133. Ele começa dizendo em primeiro lugar, sobre uma verdade o corpo. “Oh!” Nós falamos tanto sobre esse “Oh!”. Quanto está embutido debaixo desse “Oh!”, essa admiração, esse espanto. O Senhor redimiu pecadores. “Oh! quão bom ele é. O Senhor redimiu miseráveis. “Oh!”. Esse “Oh!” é uma admiração. Ele redimiu pessoas miseráveis, pessoas que apenas não tinham mérito, mas pessoas que tinham demérito. Não é? Inimigos. “Oh!” quão bom e agradável viverem unidos (olhe a palavrinha aí de novo). Agora como esse Salmo enfoca o corpo, diz: unidos os irmãos. Porque o foco é o povo de Deus. Mas olhe para onde ele vai na próxima frase: é como óleo precioso que desce sobre a cabeça. Que é uma figura de Cristo. Desce pela barba e pela gola das vestes, e pelas vestes em si mesmas, de Arão. Figura de Cristo. Então mesmo naquele Salmo nós temos a primeira visão do Cristo exaltado e ungido por Deus. Pedro em Atos cap. 2, nos explica o que o que o Salmo 133 quer dizer: ele termina aquele sermão de Atos 2 dizendo assim “esteja absolutamente certa toda a casa de Israel. Ele está pregando ali inicialmente para judeus, que esse Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Cristo, no grego Messias, e no hebraico, significando a mesma coisa, ungido. Esse que vós crucificastes Deus o Fez Senhor e ungido. É como óleo precioso sobre a cabeça. Mas o óleo não apenas na cabeça, que desce pela barba e pela gola das suas vestes. Pedro fazia parte dessas vestes, desse corpo. Então,
quando ele deu esse testemunho ele falou sobre esse óleo na cabeça que desceu pelas vestes.
O Salmo 133, é uma figura do Pentecostes. O óleo sobre a cabeça que desce para o corpo. Uma figura do Pentecostes. Quando Pedro foi explicar o que estava acontecendo ele disse exatamente isso: “essas pessoas não estão embriagadas como vocês estão achando, sendo essa aí a terceira hora do dia, noves da manhã, mas o que está acontecendo aqui é o que foi dito lá pelo profeta Joel. Eis que derramarei sobre toda a carne. Vossos filhos, vossas filhas profetizarão”. Então veja a beleza disso irmão. Nós precisamos começar a ver o corpo de Cristo por aí. Aquele óleo sobre a cabeça, Cristo, varão aprovado por Deus. Ele recebeu do Pai a promessa do Espírito. Mas Ele não reteve para Ele isso. O Pentecostes é como o Senhor virando aquele cálice, como falamos na reunião anterior, derramando aquele óleo sobre a igreja, repartindo do Espírito com aqueles que foram salvos, aqueles que foram chamados. Que privilégio, não é? O Senhor mereceu o Espírito como um dom, como uma dádiva do Pai a Ele. O Senhor mereceu porque Ele foi varão provado e aprovado por Deus. Mas nós, não merecemos. Nós fomos redimidos comprados, por esse Varão obediente, até a morte e morte de cruz. Esse varão pela sua obediência foi recompensado pelo Pai. Ele recebeu o Pai a promessa do Espírito, mas Ele não reteve para Ele essa grande dádiva. Ele derramou essa dádiva sobre a igreja, para então unir a Ele, de uma forma orgânica, de uma forma interior, não é unir apenas ma mente, mas é unir no Espírito, unir no coração, aqueles que foram dados a Ele pelo Pai. Esse é o Pentecostes. Nós podemos ver tudo no Pentecostes: os sinais, as maravilhas, sem ver a realidade espiritual. O corpo de Cristo. Então irmãos, nos dias em que nós vivemos, que alicerces, não é? Que fundamento? Como que nós precisamos. Tantas pessoas têm levantado tantas bandeiras em nome de tantas estruturas, em nome de tantas instituições: eu sou um presbiteriano, eu sou um metodista, eu sou um calvinista, ou eu sou não sei mais o quê. Não é? Mas onde está a realidade espiritual do corpo de Cristo. Onde tem estado? Será que o Senhor tem obtido uma expressão em nós, naqueles que professam estarem unidos a Ele? Então em Mateus 5, 6 e 7, você tem a realidade espiritual
do corpo de Cristo. Mas em Mateus 13, o que é que nós temos? Lembra daquelas parábolas de Mateus 13, chamadas parábolas do Reino? Semeador, o grão de mostarda, o fermento, a rede. Lembra? Aquelas parábolas falam sobre o aspecto exterior do reino. Não a realidade espiritual. Então você tem lá peixes bons e peixes ruins, na mesma rede. Há uma profissão externa de que Jesus é Senhor, que Jesus é meu rei, que Jesus é meu Deus, mas não há uma vida coerente com essa profissão. Mateus cap. 13, fala de uma expressão externa muito grande. Um grão de mostarda, olha a realidade espiritual - um pequeno grão de mostarda, isso é realidade espiritual, quando cresce se torna uma grande árvore. Isso é um crescimento anômalo. O grão de mostarda não é uma árvore. É um arbusto. Por que é que Mateus 13 diz que aquele grão de mostarda cresce e se torna uma grande árvore? E as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos. Se você estudar com cuidado aqueles textos, você vai ver que as aves do céu ali, tipificam demônios. E aquela é uma profecia do Senhor, dizendo que a cristandade, alcançaria uma proporção descomunal, tão descomunal, tão fora da realidade, que até mesmo se tornaria um ninho de demônios. Para esses foi que o Senhor Jesus disse em Mateus cap. 7 que muitos vão dizer para Ele naquele Dia: “Oh Senhor, no Teu nome nós profetizamos, nós fizemos muitos milagres”. Não é? Mas Ele lhes dirá: “Nunca vos conheci”. Está vendo a grande árvore aí? Está vendo o grão de mostarda que se tornou uma grande árvore, muita profissão de fé externa, mas sem realidade interior. Então o Senhor lhes dirá: Nunca vos conheci. A palavra grega significa ter um relacionamento particular. Estar unido a Cristo. O Senhor vai dizer: “Eu nunca estive unido a você. E você nunca esteve unido a mim. Você fez coisas no meu nome, você nunca esteve unido a mim. E eu nunca estive unido a você”. Que perigo não é? Que risco. Um grão de mostarda se tornando uma grande árvore, onde as aves do céu vem aninhar-se nos seus ramos. Esse é o cristianismo dos nossos dias. Um cristianismo tão distante da realidade espiritual, não é? Irmão. Nós só podemos voltar à realidade espiritual, pela misericórdia do Senhor, por uma resposta dos nossos corações a essa tão grande misericórdia. Uma resposta. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os
vossos corações. O que é que nós temos feito com o que o Senhor nos tem falado? A voz do Senhor é tão delicada não é? É a pomba sobre o cordeiro. É o cicio suave, tranqüilo, na porta da caverna de Elias. Não é o trovão, nem o relâmpago, nem o vento impetuoso, mas é o cicio suave e tranqüilo na porta da caverna de Elias. É a pomba sobre o cordeiro. Será que nós temos irmão, conseguido distinguir essa voz? Será que nós temos obedecido essa voz em particularidades de nossa vida? Obedecido nas diretrizes da nossa vida diária, obedecido no nosso falar, obedecido no nosso andar, obedecido em sinceridade de coração, será que temos? Nós sabemos que o nosso problema não é que o Senhor não fale. Mas é que nós o ouvimos adequadamente. Então nós precisamos sim da misericórdia do Senhor, de um soprar do Senhor, de um derramar do Senhor para que haja vida nesse corpo, nessa esfera de profissão de fé nesses dias. Irmãos. Nós não podemos esperar apenas esse ato soberano da parte de Deus, esse soprar do Senhor sobre a sua igreja. Não. Nós devemos fazer como Noé. Enquanto não chegou o tempo em que o Senhor enviou o seu juízo através do juízo, manifestamente, Noé não estava parado. Noé não estava dizendo: “tem misericórdia. Eu estou aqui. Faz de mim o que o Senhor quiser”. Mas Noé estava obedecendo. Ele estava trabalhando a arca por cento e vinte anos. A obediência testada. Ele obedeceu cento e vinte anos, até que o Senhor veio e julgou a terra. Será que nós somos capazes de obedecer um dia? Uma semana? O Senhor nos tem chamado para a obediência. Essa é a nossa parte como corpo de Cristo. A soberania de Deus nunca vai ofender a responsabilidade humana. Nós sempre teremos uma necessidade de dar uma resposta ao Senhor. O que é que nós queremos? O que é que nós vamos fazer com o que Ele nos tem falado? O que é que nós vamos fazer com o que Ele tem pedido? Será que nós já entendemos que as nossas mãos são o lugar mais perigoso para nós? E que as mãos do Senhor são o lugar mais seguro? À medida em que nós, como corpo de Cristo, estivermos caminhando nessa verdade, nós podemos esperar testemunho do Senhor, do contrário nós teremos reunião após reunião, palavra após palavra, movimento após movimento, mas sem realidade espiritual. Não é essa a
verdade? Nós somos por natureza muito místicos. Nós queríamos que o Senhor tocasse conosco aquela varinha de fada, a varinha de condão. Ele toca a nossa cabeça e de repente nós saímos transformados. Não é? Ele toca na nossa cabeça e de repente nós estamos obedecendo em tudo. Mas a vida espiritual não é assim. A vida espiritual nós somos levados a mais luz, na medida em que obedecemos à luz que temos. Nós somos conduzidos a mais graça, na medida em que estamos experimentamos a plenitude daquela graça que o Senhor já nos tem concedido. Dele nós teremos recebido toda a plenitude diz João. E graça sobre graça. De glória em glória. Então irmãos, a obediência é necessária para que nós possamos dar um passo mais, para que o Senhor obtenha o seu testemunho, para que haja uma realidade espiritual no corpo de Cristo. Então nós começamos por aí. Tudo isso ainda é bastante geral, panorâmico, mas é profundamente importante e é profundamente simples.
Hoje eu queria dar mais um passo com os irmãos, dentro desse texto. Atos cap. 10, o texto que nós acabamos de ler. Irmãos. Existem algumas verdades muito sublimes escondidas nesse pequeno texto, lindas, sobre o corpo de Cristo. Primeiro nós falamos para os irmãos que os três maiores escritores que, movidos pelo Espírito Santo, inspirados por Ele, escreveram o Novo Testamento, as cartas evangélicas, foram Pedro, Paulo e João. Através dos três nós temos três aspectos diferentes, mas complementares a respeito da visão do corpo. Nós não podemos tocar nesse assunto sem passar por eles: a visão de Pedro, a de Paulo e a visão de João. Três visões que na verdade são uma só. Visão de uma realidade só. Pedro, nesse texto de Atos cap. 10, ele nos dá um panorama claro sobre a visão do fundamento do corpo de Cristo. O ministério de Pedro tem a ver com fundamento. Lembre-se que quando o Senhor chamou Pedro, este estava lançando redes, estava pescando. O ministério de Pedro tem a ver com fundamento. Mas lembre-se que quando Ele chamou a João, este consertava as redes. Consertando o que já estava pronto. O ministério de João tem a ver com o fechamento, com a consumação. Não é interessante? E entre Pedro - o fundamento - e João - a consumação - nós temos Paulo. Paulo foi o homem usado por Deus para nos falar tudo
sobre a edificação. Pedro sobre o fundamento, Paulo sobre a edificação e João sobre a consumação. Então através desse texto de Atos cap. 10, nós vamos ver muita coisa sobre fundamento. É claro que em sementes, mas muito lindo, sobre o fundamento, a base do corpo de Cristo, a realidade espiritual do corpo de Cristo. Vamos seguir um pouquinho esse texto. Veja no versículo 11. Lucas, o autor de Atos diz assim no versículo 11. 11 então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, Então viu. Quem viu? Pedro. Lucas está narrando. Então viu o céu aberto. Vamos começar por aí. Irmãos, Lucas registra, ele é o autor do seu Evangelho e do Livro de Atos. Não é assim? Lucas registra apenas duas vezes - olhe como isso é interessante - no livro de Atos, essa expressão: céu aberto. Só duas vezes. Eu vou citar para você onde e que está a outra menção e você vai colocar as duas juntas e você vai ver que beleza. A primeira menção está em Atos 7:56. Vê o que é que acontece nesse texto. Estevão, depois de dar o seu testemunho diante daquelas autoridades judaicas, o seu testemunho cheio do Espírito Santo, ele pregou o Evangelho ali para aquelas pessoas, e olhe a conseqüência da pregação de Estevão: nós achamos, as vezes, que todas toda pregação tem um resultado favorável. Depende. Estevão pregou o Evangelho no poder do Espírito Santo, e veja qual foi o resultado. A palavra diz que eles rangiam os dentes contra Estevão, como se dissessem: “esse homem não pode viver. Esse homem é um pernicioso. Esse homem não sabe o que é que ele está falando. Esse homem vai colocar toda a nossa tradição judaica por terra. Esse homem é um perigo. Rilhavam os dentes contra ele. Atos cap 7:56, diz que eles se voltaram contra Estevão para o apedrejar. E olhe o que diz o 55. Atos 7:55 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, Lá no Velho Testamento, a Shekina. Viu a glória de Deus e Jesus, porque o Senhor está entronizado na glória de Deus. fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita. A visão de Estevão logo antes da sua morte. Agora preste atenção ao 56. 56 e disse: Eis que vejo os céus abertos. Olha que lindo irmão. A mesma visão de Pedro. Só aparece em
Lucas duas vezes. Pedro também teve a visão do céu aberto, dos céus abertos, mas Estevão, quando viu os céus abertos, o que é que ele viu? Aí está dizendo. A glória de Deus e a Jesus. A cabeça. A cabeça do corpo, a cabeça da igreja. Ele viu a glória de Deus e a Jesus. Agora, quando Pedro tem aquele êxtase, naquele quartinho, quando ele está orando em Atos 10, ele também viu o céu aberto. E o que é que ele vê? Um grande objeto, um grande lençol, baixado pelas quatro pontas até a terra, cheio de toda sorte de quadrúpedes, répteis e aves dos céus. Figura do quê? Figura da igreja; Estevão viu a glória da cabeça, Pedro viu a glória do corpo. O corpo e a cabeça nas duas expressões de Lucas, dentro desse livro. Então, se os irmãos voltarem lá no livro de Atos, cap. 10:11, 11 então, viu o céu aberto e descendo: cada palavra irmão é maravilhosa, é significativa. Descendo. Vamos pensar um pouquinho sobre essa palavra. Olhe como essa expressão vai ser encontrada, vou te citar alguns exemplos, de muitas formas em todos os outros escritos do Novo Testamento. Por exemplo, Paulo em Filipenses, diz que a nossa pátria, nós igreja, nós que somos cristãos verdadeiros, que cremos o Senhor, estamos unidos a Ele, Paulo diz assim: a nossa pátria, a nossa cidadania, a nossa origem, é o sentido ali, cidadania, pátria, origem - Filipenses 3:20 - Paulo falou que a nossa pátria está nos céus. A igreja em primeiro lugar ela não sobe. Em primeiro lugar ela desce. Nós somos escolhidos em Cristo, antes da fundação do mundo. A igreja é uma realidade espiritual plantada pelo Senhor dos céus, através do seu Espírito e através da sua palavra. Nós somos como pára-quedistas: descemos do céu para habitar nessa terra, no que concerne à nossa natureza divina. É por isso que o nosso testemunho deve ser um testemunho do reino dos céus. Foi por isso que o Senhor Jesus disse: Daí a César o que é de César, porque César é o rei terreno da terra, mas daí a Deus o que é de Deus. Os irmãos estão vendo? A realidade espiritual da igreja é dos céus. O Senhor falou assim para Nicodemos: quem não nascer da água e do espírito, não pode ver o reino de Deus. Então irmão, que coisa importante. Você vai encontrar isso de formas diferentes por toda a Bíblia, que a origem da igreja está nos céus, antes da fundação do mundo, em Cristo, como diz Efésios. Nós
começamos a nossa história a partir da terra, no que concerne à nossa natureza humana, mas no que concerne à escolha de Deus, a nossa história começou na eternidade. Eleitos em Cristo, antes da fundação do mundo. A igreja é um povo celestial. ( Efésios 1:4/ João 17:24).
Permanecei Nele, em Cristo, como ela nos ensinou. Esses são os cidadãos dos céus. Os cidadãos dos céus não tem estatutos externos, regulamentos, no qual eles falem: posso não posso, devo não devo. Nós recebemos orientação do céu através da palavra escrita, sim. Mas nós não temos a palavra escrita como livro de regra apenas. Nós temos uma unção interior, que nos ensina a respeito de todas as coisas, que confere com o ensino de Deus através da palavra. Essa é a vida dos cidadãos do reino. Mas não é a vida da religião. Na religião nos queremos uma lista, do posso não posso, do devo e não devo, como um fariseu. Então irmão, essa palavrinha “descendo” fala muito. Vou te citar um outro exemplo, figurado, mas muito lindo. Você lembra da Torre de Babel? A Torre de Babel não começou do alto para baixo. Claro. Ela começou de baixo para cima. Eles foram erguer uma torre, aquilo fala de todo o sistema religioso, pois Babel, onde se iniciou todas as religiões do mundo. Não é? Ali na Mesopotâmia, a origem de todas as religiões do mundo. Tudo o que é oposto a Deus se originou em Babel, naquela planície de Sinear. Não é assim? Então eles começaram a fazer uma torre e aquela torre começava em baixo. Eles não usaram pedras, porque pedras falam da obra natural de Deus, a edificação de Deus. Eles usaram tijolos e tijolos fala da obra do homem. Eles disseram: Vamos fazer tijolos e vamos queimá-los bem, vamos fazer com que eles fiquem bem sólidos, bem queimados e vamos construir uma grande torre, cujo topo chegue até os céus. Gênesis cap. 11. E lá está escrito assim: para que fique célebre, celebrado, o nosso nome. Não o nome de Deus. Não o nome do Salvador. Mas o nosso nome. Isso é Babilônia. São todas as religiões do mundo. Irmão, mas quando você olha para o corpo de Cristo, você vê que ele não é construído de baixo para cima. Ele é construído de cima para baixo. Pedro viu como que um lençol descendo. Por que é que não foi subindo? Porque a igreja é uma realidade celestial. A natureza da igreja é celestial. Nós
somos um povo celestial. 1ª Coríntios cap. 15, você se lembra no final? 1 Coríntios 15:49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno (Adão, nosso pai terreno), devemos trazer também a imagem do celestial. A natureza da igreja celestial. Irmão. Essa é a igreja. Nós não somos um povo convencido. Nós não somos um povo que achou que agora acertou o caminho. Nós somos um povo que foi unido a um salvador pessoal de uma forma muito pessoal. Ele é o nosso Salvador. Romanos 8:35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Nem qualquer criatura. Nós estamos unidos a Cristo. Essa é a realidade espiritual da igreja, do corpo de Cristo. Irmão, se nós não começarmos por aí, nós vamos ter problema. Hoje nós escutamos expressões que doem no nosso ouvido. Doem. Você escuta assim: “Aquele pastor não se deu bem naquele lugar onde ele estava, saiu para outra cidade e „abriu‟ uma igreja”. Você já ouviu essa expressão? Abriu uma igreja? Irmão, quem abriu a igreja foi Cristo. E quem vai concluí-la é Cristo. Ninguém abre igreja, ninguém fecha igreja. Não é? São expressões tão terríveis, que não tem nada a ver com a realidade. Igreja não se abre. Igreja não é uma porta de um edifício, que você abre e fecha. A igreja é um corpo que tem uma realidade espiritual, de pessoas que estão unidas a Cristo, que vivem com Ele vinte e quatro horas por dia, quer durmamos, quer vigiemos, vivamos - como é que Paulo diz? - em união com Ele(1 Ts 5:10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele.). Romanos 14:8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Essa é a realidade espiritual do corpo de Cristo. Nós precisamos retornar às origens, do contrário, o Senhor não pode ter o testemunho. Então veja em uma palavrinha, quanto conteúdo - descendo. Pedro viu esse lençol descendo porque assim é a igreja.
Vamos mais um pouquinho nesse texto. Atos 10:11 então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, Mais uma vez enfatizamos: baixado à terra. Assim como a igreja. O Espírito Santo desceu lá no Pentecostes, concedeu àqueles
irmãos, realidade espiritual. União com Cristo. Aqueles ratinhos envergonhados, que estavam ali de portas trancadas, com medo dos judeus, perguntando: “o que é que há de ser de nós?” Eles abriram aquelas portas e foram pregar para as autoridades. Não é? Aqueles ratinhos envergonhados se tornaram verdadeiros leões. Eles foram pregar diante do Sinédrio. Atos 2:36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Eles não tinham mais medo, não tinham vergonha. Eles tinham agora ousadia, coragem, amor. Essa é a realidade espiritual da igreja. Paulo falou isso para Timóteo: 2 Timóteo 1:7 Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação, domínio próprio. Então, um lençol baixado à terra pelas quatro pontas.
Vocês sabem que esse quatro é um número que tem relação com a criação. A Bíblia fala, por exemplo, sobre os quatro cantos da terra. A pessoa do Senhor foi revelada, nos Evangelhos, em quatro aspectos, em quatro faces. No trono de Deus, lá em Apocalipse, na visão de João, você tem então quatro seres viventes, que representam toda a criação. Então, baixado pelas quatro pontas, fala então da relação de Deus, uma relação especial, não geral. Uma relação especial de Deus com aqueles que Ele, na terra, redimiu. Uma relação especial. Nós vamos ver isso através de uma palavra que vem logo aí na frente. Ao que Deus purificou, não considere comum. O Senhor está advertindo Pedro: Não considere comum, ao que purifiquei. A palavrinha comum, fala exatamente isso, dizendo para Pedro não considerar comum. O sentido ali é geral. Pedro, não considere geral, porque são apenas aves, répteis, quadrúpedes. Isso não pertence à generalidade. Isso pertence à particularidade. Isso é meu. É como se o Senhor falasse para Pedro: Isso é meu. Mata e come. Isso é meu. São os meus filhos, os meus redimidos. Mata e come. Mas Pedro falou que eram imundos. “Eu jamais toquei coisa imunda”, porque eram animais, aves imundas, que o judeu não comia. Figura dos gentios. O Senhor ia mandar Pedro pregar o Evangelho na casa de Cornélio. Cornélio é um gentio. Cornélio é um quadrúpede, um réptil. Pedro considerava Cornélio um imundo. Então, para o Senhor preparar Pedro para ir para a casa de
Cornélio, Ele mostrou a realidade espiritual da igreja. É como se Ele dissesse: “Pedro. A igreja não é uma realidade judaica. Pedro. Ela não é nem mesmo a realidade gentia. Pedro, a igreja é uma realidade espiritual, que se compõe de judeu, gentios, bárbaros, civilizados, de toda raça e de toda cor. Aqueles que eu escolhi”. Então irmão, veja o impacto dessa visão no coração de Pedro. O próprio fato daquele objeto descer diante de Pedro já deveria produzir nele um espanto, porque eram coisas imundas para ele. Então veja que visão irmão, com relação à igreja. O que é a igreja? Nós temos que começar pela visão de Pedro, para depois irmos para a visão de Paulo, para depois terminarmos com a visão de João. Não dá para começar por João. Tem que começar por Pedro, porque Pedro vai mostrar todo o impacto da graça salvadora de Deus. Eu e você estamos dentro desse lençol. Nós não somos judeus por natureza, nós somos gentios. Eu e você estamos dentro desse lençol. Você também é um quadrúpede, um réptil, uma ave imunda. Nós estamos dentro desse lençol. Então Pedro ouviu do Senhor sobre esses que somos nós. “Ao que Deus purificou”. Esses somos nós também. Os imundos purificados. “Ao que Deus purificou Pedro, não considere comum e imundo”. Vamos chegar nessas palavras para a gente procurar entender. Então, as quatro pontas, fala da sua relação de Deus com a sua criação. Quatro é um número que tem a ver com a criação, assim como três com o Deus tri uno.
Atos 10:12 contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. 13 E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. 14 Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Outra frase incrível. Pedro poderia falar só - Senhor. Tudo bem. Ou só - de modo nenhum. Também tudo bem, mas ele falar “de modo nenhum, Senhor”, não tem jeito, porque o Senhor mandou, e então ele não pode falar: “de modo nenhum, meu Senhor”. Pedro consegue fazer essas duas coisas combinarem, o impossível, tanto era forte a sua religião judaica. “Isso é imundo. Eu não posso fazer isso, Senhor.” Foi o Senhor quem mandou ele fazer, porque o Senhor purificou. Então através dessa visão o Senhor estava rompendo a barreira religiosa judaica, tradicional, legalista de Pedro. Estava
mostrando para ele o que era a igreja. Um corpo de imundos, purificados, redimidos, comprados. Nós vamos ver duas palavrinhas aí para frente, eu vou entrar nelas logo para nós não perdermos tempo, que falam muito sobre o que o Senhor quis dizer para Pedro. Pedro entendeu muito bem. Quando o Senhor usou essa palavra - vamos para o verso 14 - De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma: agora vamos com cuidado aqui. Comum e imunda. Olhe que interessante essas palavras. Quando o Senhor repete, veja só, no versículo 15 Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Irmãos, a primeira palavra, comum, toquei um pouquinho nela na reunião passada, é muito cheia de significado. É a palavrinha grega Koinos, de onde nós ouvimos uma outra mais comum, Koinonia, que é a palavra grega para comunhão. É um estado de comunhão, porque Koinos no grego, significa comum. Então comunhão é Koinonia. Koinos é comum. Essa palavra aparece em Atos com dois sentidos bem paralelos, bem complementares, mas são diferentes. Por exemplo, em Atos 4, você se lembra quando Lucas registra o viver da igreja primitiva, e fala assim que eles não consideravam cada um exclusivamente sua nada do que possuía, das coisas que possuía. Tudo porém lhes era comum. A palavra ali é Koinos também, só que significa ter algo em comum. Significa que eles tinham uma vida em comum mesmo. Eles aprenderam a repartir tudo o que eles tinham para o sustento mútuo, uns dos outros. Uma bela vida da igreja no início. Aprenderam a repartir. Koinos. Comum. Seria o antônimo de outra palavrinha grega que seria “idios”, que aparece lá, particular, meu. No grego quando eu digo assim: essa Bíblia é minha, eu uso a expressão “idios”, quer dizer, pertence a mim, não é Koinos. Não é comum a você. É só minha. É “idios”. Então esse é o sentido de Atos 2. Não é o sentido de Atos 10. Em Atos 10 é um sentido paralelo, mas não idêntico. Quando Pedro usa a palavra assim: ao que Deus purificou, não consideres comum, no versículo 15, quando o Senhor fala com Pedro. Koinos aí, comum, significa: pertencente à generalidade. Tem para Pedro o sentido de “não consagrado”. Seria aí o melhor sentido. Não consagrado. Então é como se Pedro falasse assim: Mas Senhor como é que eu vou
comer isso. Isso não é consagrado, ou seja, isso não é separado. Isso é quadrúpede. Isso é ave do céu. Isso é imundo, eu não posso comer. Então, comum, Koinos, signfica pertencente à generalidades. Quando o Senhor corrige Pedro, no versículo 15, ele usa negativo. Ele fala: Não considere Koinos. Então fica claro o que o Senhor quis dizer. Não fica? Ele está dizendo: Não Pedro. Não pertence mais à generalidade. Não é Koinos. É meu. Como se Ele dissesse: É “idios”, como eu já expliquei. Me pertence. É consagrado a mim. Mata e come. Não consideres comum. Muito significativa essa palavra. Não é? Nós citamos na reunião passada que Pedro aprendeu essa lição muito bem. Não é Pedro que está ouvindo isso aqui do Senhor? O que é que ele escreve na epístola dele? Lembra de 1ª Pedro 2? Ele está escrevendo para os cristãos em geral. Aquela epístola é chamada de universal, para todos aqueles que crêem no Senhor. 1ª Pedro 2. O que é que Pedro fala lá no verso 9? Vós porém sois - está falando da igreja - raça eleita. Está vendo? Não é pertencente a um geral. É eleita, separado. Sacerdócio real. Nação santa. O que é que é santo? Separado. Nação santa. Não é Koinos. É “idios”. Pertence a mim, o Senhor. Nação Santa, povo de propriedade exclusiva. Nada mais claro. Onde é que Pedro aprendeu isso? Na visão de Atos cap. 10. Ao que Deus purificou, não considere comum. Que coisa, que impacto aquilo teve no Espírito de Pedro.
A oura palavrinha para nós terminarmos por hoje. Imundo. Olhe que palavra forte que Pedro usa. Pedro vê aqueles animais e fala: Senhor. De jeito nenhum. Isso não é só comum, como ele falou. Não só pertence ao geral, à generalidade, mas é imundo. Agora a palavra grega é akathartos. “A”, significa “sem” no grego. Sem pureza. Por que é que eu estou citando essa palavra no original? Não é só para os irmãos ouvirem um pouquinho de grego não. Cito, porque ela é muito significativa, porque tem duas palavras no grego que tem o mesmo sentido de puros. Mas veja aqui a que o Senhor quis usar para Pedro. Uma das palavras é “hagnos”. Essa palavra significa puro também, e Katartos, também significa puro. Quando Pedro falou que isso é imundo, ele falou: akathartos. Quer dizer, sem Katartos. Sem pureza. Impuro. Está certo? Os irmãos estão compreendendo? Então tem duas
palavras no grego para puro. Uma é Katartos, e a outra é Hagnos. Mas a palavra Hagnos, vou citar um exemplo, se você tomar um copo de vinho, e misturar água pura, a água não vai contaminar o vinho. Está certo? A água vai só diluir o vinho, porque a água é pura. Você não pode olhar para aquele vinho misturado com água e falar que é impuro. Não é impuro. Está apenas misturado, mas continua puro. Está certo isso? Mas o Senhor não usou essa palavra Hagnos. Ele usou a palavra Katartos. Ele quis dizer mais do que puro. Ele quis dizer: Sem mistura. Porque se você coloca água no vinho, aquele vinho é Hagnos. Ele está puro, mas está misturado com água. Então aquele vinho não é katartos, porque ele tem água. Se fosse Katartos, ele não teria nada. Só vinho. Você viu o que é que o Senhor falou sobre a igreja? Que a igreja aos olhos Dele, ela não é mista. A igreja aos olhos do Senhor ela não é misturada com nada. A igreja se compõe apenas de Cristo. Cristo é a nossa vida. O que é que Paulo fala em Colossenses? (Colossenses 3:11) Cristo é tudo em todos. Cristo é tudo, katartos. Não Hagnos. Não é Cristo misturado comigo. É só Cristo. Não vivo eu, mas Cristo vive em mim.( Gálatas 2:20). Foi assim que o Senhor constituiu a igreja. Nós só temos condição de viver a vida cristã por meio de Cristo. É a vida de Cristo em nós. Irmão, o Senhor fez isso. É isso que nós precisamos ver em Atos 10. Comum e imundo. São as palavras que Pedro usa, e o Senhor contraria Pedro. Ele fala: Não Pedro. Não é nem comum - não está mais na generalidade - está na particularidade, é meu, e nem é akatartos, impuro. E nem Hagnos, misturado com qualquer coisa, mesmo que não seja impuro por isso. Mas é Katartos, é um povo puro. É um povo que Eu purifiquei, com o meu próprio sangue. É meu. Eu olho para esse povo e não vejo iniqüidade alguma. Lembra de Balaão falando isso em Números 23 quando ele subiu naquele monte? Números 23:9 Pois do cimo das penhas vejo Israel e dos outeiros o contemplo: eis que é povo que habita só e não será reputado entre as nações. O Senhor não viu iniqüidade em Jacó, não contemplou pecado em Israel. Essa é a visão do Senhor, por causa do sangue. Ao que Deus purificou, não consideres comum. Irmão, se isso não é capaz de te dar descanso, se isso não é capaz de te dar segurança para a nossa cristã, o que é
que é capaz? Suas orações? Suas esmolas? Sua freqüência na reunião? Seus dízimos? Sua leitura da Bíblia? Suas boas obras? Tudo isso é um lixo imundo diante de Deus. Esse era o judeu por natureza. Você só pode ter segurança pela obra de Cristo, pelo que Cristo fez. Ao que Deus purificou. A palavra que o Senhor usa aí, o Senhor usou para Pedro ouvir, verso 15, ao que Deus purificou, é exatamente derivada da palavra Katartos. No grego a palavra Katerizou. Quer dizer, purificou, tornou katartos, tornou sem mistura. O que Deus purificou, não considere comum. Que tremenda visão Pedro teve. Que impacto? Irmãos, essa mesma visão, ela precisa impactar os nossos corações, para que nós possamos compreender o corpo de Cristo. O corpo de Cristo não é questão nem de reuniões. A igreja é maior do que a reunião da igreja. A reunião da igreja, você tem só alguns membros da igreja. A igreja é maior do que a reunião da igreja. A igreja é uma realidade espiritual de vinte e quatro horas por dia. Você tem os irmãos no seu coração e os irmãos devem tê-lo nos seus corações. Você vive uma vida disposta a servir em todo o tempo. Paulo dizia assim: eu me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol das vossas almas. (2 Coríntios 12:15 Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?). Isso é alguém que viu o corpo de Cristo. Para os Colossenses ele disse: Colossenses 1:24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a igreja. Por que é que Paulo podia fazer isso? Paulo estava investindo em um barco furado? Não. Paulo sabia muito bem onde ele investia o seu suor, suas lágrimas, suas forças, porque ele conhecia a realidade espiritual do corpo de Cristo. Ele tocava aquilo que estava no coração do Senhor. Então Paulo era um obreiro para a edificação da igreja. Nada mais. Ele não era um obreiro para a edificação de grupos. Ele não teve prazer quando ele viu os Coríntios dizendo assim: eu sou de Apolo. Apolo para mim é o máximo. Eu sou de Cefas. Não tem nenhum pregador igual a Cefas. Eu sou de Cristo - os que se julgavam mais espirituais talvez - eu sou de Cristo. Mas dividia dos outros do mesmo jeito. Paulo não teve alegria naquilo. Ele falou: o que é isso? Acaso Apolo foi crucificado por vós? Paulo foi
crucificado por vós? Quem é Paulo? Quem é Apolo? Seja Paulo, seja Apolo, seja a vida, seja a morte, seja o mundo, tudo é vosso. Vós de Cristo e Cristo de Deus. 1 Coríntios 3:21 Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: 22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, 23 e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus. Olhe a visão do corpo de Cristo que Paulo tinha. Não é? Então irmãos, que coisa importante. Nós estamos reunidos aqui em um grupo particular, um pequeno grupo, mas se essa visão do corpo de Cristo não nos governar, nós estaremos divididos dos nossos irmãos nessa localidade. Nós estaremos levantando a nossa bandeira. Há um tempo atrás estava escrito do lado de fora do nosso local de reunião, “Comunidade Evangélica”. Não é? No início nos achamos que seria interessante identificar esse local aqui, como eu já disse, para não parecer um depósito de bomba. Um depósito de munição, porque parece um galpão, e nós escrevemos lá alguma coisa para identificar que isso aqui era um local de reunião. Mas o Senhor nos deu condições, sensibilidade para entender que nem isso era bom. Não me bom se identificar com nome nenhum, porque a igreja é uma realidade espiritual, e nós precisamos aprender a ajudar nossos irmãos, que porventura levantem uma ou outra bandeira para que aprendam a ter comunhão em torno de Cristo, para que vivam só para Cristo, não vivam para instituições, não vivam para estruturas, não vivam para homens, para pastores, para bispos, para profetas, para apóstolos, como nós vemos hoje, mas vivam para Cristo. Irmãos. Nós temos essa responsabilidade. Você vê assim? Você acha que o Senhor nos plantou aqui em São Lourenço à toa? Você acha que nós não temos uma responsabilidade maior do que essas quatro paredes? Nós temos sim. Que o Senhor nos ajude a ter uma boa compreensão a respeito do corpo de Cristo, para que a igreja possa ser edificada de forma agradável ao Senhor. Irmão que esse impacto da visão de Pedro, possa impactar o seu coração trazendo toda essa alegria, toda essa segurança. Você por natureza é esse quadrúpede, réptil, mas, ao que Deus purificou, não é mais comum, não pertence mais à generalidade e nem é mais imundo, não é misturado com nada.
É para ele, por causa de Cristo. Irmãos. Que isso gere um impacto no nosso coração, e nós possamos seguir ao Senhor para que essa realidade possa ser crescente nas nossas vidas. O Senhor precisa de um testemunho nesses dias do fim. A questão é se nós participaremos dele ou não. Mas o Senhor o terá nesses dias. Então que nós tenhamos esse coração de obedecê-lo, de responder a Ele, para que sejamos edificados juntos como igreja, nesse testemunho para o Senhor Amém.
Ó Pai. Nos ajuda Senhor na nossa débil fé. Nos ajuda na nossa pequena compreensão. Nos ajuda a termos alargadas as tendas, as fronteiras, as bordas do nosso coração. Nos ajude a acolher todos aqueles que o Senhor acolheu em nossos corações. Nos ajude a viver na centralidade de Cristo, junto aos nossos irmãos e irmãs nessa localidade e também fora dela. Senhor, nós queremos que o Senhor se agrade de nosso reunir como povo de Deus. Que o Senhor possa, verdadeiramente, ser o nosso motivo, a nossa atração, nosso foco, que nós não percamos o alvo em dias de tanta confusão, em dias de tanta ilusão. Que o Senhor nos guarde para Ti como um testemunho vivo. Pedimos ao Senhor que venha explicar a Tua palavra nessa noite para cada coração de forma muito particular. Ajuda cada irmão, cada irmã, cada um de nós Senhor, a poder ouvir a Tua voz através dessa visão de Pedro. Fala o Senhor mesmo aos nossos corações e nos dá toda essa alegria, essa segurança, esse descanso, essa glória de Te pertencermos, de sermos seus. Nós te agradecemos e Ti pedimos em nome de Jesus. Amém.
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Extraído de uma série de estudos com o tema "FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃO"(Romeu Bornelli) 

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