17 abril, 2024

O CORDEIRO E SUA NOIVA


"... a noiva, a esposa do Cordeiro" Ap.21.9


As Escrituras Sagradas são a auto-revelação de Deus e apresentam-nos todo o plano e desígnio de Deus, que se resumem em Cristo e nele convergem.
Cristo é a chave para a compreensão de toda a Palavra de Deus, através da qual a Palavra pode ser aberta aos nossos corações. Muitos tipos, figuras, símbolos, parábolas, alegorias e profecias nos foram dados nas Escrituras, para nos falar de Cristo.
A grande maioria deles, diz respeito não apenas à pessoa de Cristo, como cabeça, mas também à Igreja, a qual é o seu corpo. Isto significa que Cristo e os seus, estão no centro de todo o propósito de Deus.
A Igreja foi chamada do mundo para Cristo, como a sua Noiva. Isto é que concede à igreja a sublimidade e conteúdo total da sua vocação e chamamento, ou seja, que ela possa ser semelhante a Cristo, estando a Ele unida, como uma esposa idônea com relação ao seu Marido celestial.
O propósito da Igreja é ser conformada a Cristo. A glória de Cristo deve ser vista na Igreja, a sua noiva. Tudo o que a Igreja é e faz é puramente derivado de sua relação com Cristo, ou, pelo menos, assim deve ser.
Deus elegeu, desde à eternidade, uma noiva para o Seu Filho, e a Sua graça chamou, justificou e glorificou os que foram chamados ( Rm 8.29,30).
Tudo isto é fato consumado. O Senhor Jesus quando bradou da cruz aquelas palavras: “está consumado”, Ele realmente completou a obra que lhe foi confiada para fazer ( Jo 17.4 ) . Quando, após a ressurreição, apareceu muitas vezes, aos discípulos, Ele exibiu as marcas da crucificação, para que eles não temessem achando que Ele era um fantasma, mas tivessem total segurança no fato de que o Seu Mestre os redimira para Deus.
Ele apareceu-lhes durante 40 dias ( At 1.3 ) para apresentar-lhes provas incontestáveis da Sua ressurreição corpórea, e, por isso, comeu com eles.
Após este período veio o Pentecostes, a descida do Espírito Santo. Cristo agora, estava também na Igreja pelo Espírito Santo, além de estar no trono de Deus como o Cordeiro exaltado. A Igreja agora, estava em Cristo, assentada nos lugares celestiais, além de estar na terra como peregrina e forasteira.
Jesus havia dito: “Naquele dia vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós”( Jo 14.20 ). O Espírito Santo veio habitar na Igreja para torná-la na prática o que ela realmente já era, ou seja, uma igreja gloriosa, a noiva, a esposa do Cordeiro.
Hoje, como em outras épocas da história da Igreja, carecemos de renovada visão de Cristo, a visão apostólica e bíblica trazida com novo frescor e realidade aos nossos corações. Precisamos de vozes proféticas, que se levantem contra a maré do cristianismo prevalecente, para proclamarem que o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, em rigor ascético, em sinais e prodígios, em experiências místicas e emocionais, em culto a anjos ou em prosperidade material.
Todas estas proposições estão sendo largamente pregadas como verdades de Deus hoje à Igreja. Amados, se mesmo quando vemos a centralidade de Cristo e da Sua palavra como nossa necessidade individual e coletiva, e prosseguimos para conhecê-lo de forma mais íntima, real e profunda, se ainda assim, vemos como nosso crescimento é lento e difícil, como nossa infantilidade espiritual nos acusa em nossa casa, e como somos amantes de nós mesmos, imaginem nosso estado espiritual então, se formos levados por sofismas e distrações de toda espécie!
O Reino de Deus só é manifestado praticamente e visivelmente, na esfera onde a glória de Cristo é vista, onde o senhorio de Cristo é não só reconhecido mas também almejado, e onde há semelhança moral com o Cordeiro de Deus. O Reino de Deus, no qual fomos introduzidos pelo novo nascimento, compõe-se dos seguidores do Cordeiro ( Ap 14.4 ), daqueles que têm sido conformados à Sua imagem (Jo 3.5 e 2 Co 3.18 ).
Gostaria, brevemente, de considerar a preciosa figura do Cordeiro usada no V.T para tipificar nosso Senhor e, no N.T, para apresentá-Lo aos homens, para que vejamos que o Cordeiro de Deus, Cristo, é o foco de atração do coração de Deus, devendo ser também o nosso foco, para que a Igreja, a esposa do Cordeiro, possa ter a Sua imagem e expressão.
A figura do cordeiro pode ser acompanhada nas Escrituras como se fosse um “fio de prata”, revelando-nos o coração redentor de Deus, desde o Gênesis até o Apocalipse.
Vejamos:
1- em Gênesis 3 – Podemos dizer que aqui o Cordeiro de Deus, Cristo, estava sendo anunciado. Quando Deus fez vestimentas de pele para Adão e sua mulher, e os vestiu ( Gn 3.21 ), figuradamente, Deus mostrou-lhes que somente Ele poderia proporcionar-lhes uma cobertura para sua condição decaída e alienada. Deus os vestiu. Para isso, uma vida inocente foi oferecida para fornecer-lhes cobertura.
2- em Êxodo 12 – Aqui, o Cordeiro de Deus é tipificado. Este cordeiro devia ser aprisionado, examinado e aprovado para ser oferecido como substituto de cada primogênito do povo de Israel. Deus novamente estava olhando para o cordeiro. Ele estava concedendo um tipo de Cristo, o Seu Cordeiro, ao Seu povo. Por causa do sangue desse cordeiro, Deus podia “passar por cima” (significado literal de “páscoa”) do Seu povo e não ferir os primogênitos do povo de Israel. No capítulo seguinte, Deus dá um passo além e diz a Moisés que todo primogênito dentre o povo (e até dos animais) era consagrado a Ele. Isto nos leva além na revelação do Cordeiro de Deus, sugerindo que a morte do Cordeiro era não apenas substitutiva mas redentora, ou seja, fomos comprados para o Cordeiro e não apenas pelo Cordeiro. Conforme a linguagem neotestamentária de Paulo em Efésios 5 : “Cristo amou a Igreja e a Si mesmo se entregou por ela .. para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa... ( Ef 5: 25 a 27 – grifo meu ).
3- em Isaías 53 – Aqui vemos o Cordeiro de Deus profetizado. O servo sofredor é o Cordeiro de Deus. Outros aspectos de Sua pessoa e obra são aqui revelados de forma vívida e comovente. Ele é o Cordeiro desprezado, castigado, oprimido, moído, humilhado, injustiçado, rejeitado e ferido por causa da transgressão dos transgressores, pelos quais intercedeu e justificou diante de Deus. A glória desse Cordeiro é glória coberta com véu, e só pode ser conhecida por revelação do próprio Deus, para que possamos crer nele ( Is 53:1 – “Quem creu...?” e “a quem foi revelado...?”) Os sofrimentos do Cordeiro resultariam em um fruto, o fruto do penoso trabalho de Sua alma, a Sua noiva, a esposa do Cordeiro, com a qual Ele ficaria satisfeito! ( Is 53:11)
4- em João 1 – João Batista proclama: “Eis o Cordeiro de Deus”. O Cordeiro aqui é revelado. O caráter do Cordeiro é agora plenamente manifestado. Ele é manso e humilde de coração. Ele é o Filho amado do Pai. Através dele, Deus conduzirá muitos filhos à glória ( Hb 2:10 ). Estes filhos trarão em si a imagem do Filho, pois foram comprados pelo Cordeiro para tal ( 1 Co 15: 49 ). Toda a mensagem do sermão do monte ( Mt 5, 6 e 7 ) revela o caráter do Cordeiro: a sua vida interior, as suas ações e reações, a sua pureza sublime, a sua devoção, etc. Os seguidores do Cordeiro, em união com Ele, devem revelar o mesmo caráter e conduta.
5- em Apocalipse 5 – O apóstolo João vê , no meio do trono, de pé, um cordeiro “como que recentemente imolado” ( tradução alternativa). Aqui temos o Cordeiro entronizado. Aquele que foi obediente até a morte de cruz, aprovado por Deus, efetuou uma eterna redenção cujo frescor diante de Deus nunca será apagado. O sangue do Cordeiro, fruto da vida santa de devoção a Deus, nunca será ultrapassado ou esquecido. O Cordeiro de pé, ressuscitado, mas com as marcas de que foi imolado, é a fonte de eterna adoração e bendita segurança para os remidos.
6- em Ap 21 – Nesta visão final de João a respeito da Nova Jerusalém, novamente vemos o Cordeiro. O versículo 23 diz: “A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe dar claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”. Aqui vemos o Cordeiro como o foco da glória, contemplação, adoração e serviço na cidade santa. A Nova Jerusalém, composta de todos os redimidos do Cordeiro desde Adão, é aqui revelada como sendo “a noiva, a esposa do Cordeiro” (v. 9). Ela “tem a glória de Deus. O seu aspecto era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina” (v.11). Este aspecto glorioso da noiva é um reflexo da sua gloriosa união com o Noivo, o Cordeiro, que é descrito em Ap 4:3 com a mesma aparência de jaspe. Cristo foi formado na Sua noiva. A Igreja reflete a Sua glória. Esta é nossa soberana vocação. Vigiemos nossos corações para que nada nos separe da contemplação do Cordeiro. Nada.

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