“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós.” (Colossenses 3:13)
Muitas pessoas estão paralíticas em suas emoções por causa da falta de perdão. Por terem sido duramente desapontadas ou injustiçadas, principalmente no relacionamento com as demais pessoas, mergulharam num lodaçal de mágoa, amargura e ressentimento.
Em consequência disto, se tornaram pessoas críticas e murmurantes. Não é preciso que os nossos pés estejam presos em correntes para sermos escravos, a falta de perdão é uma terrível forma de aprisionamento. Que qualidade de vida pode ter uma pessoa que mantém prisioneiro em seu coração alguém que lhe traiu?
Odiar, desejar o mal, a morte e toda a desgraça possível contra alguém que nos decepcionou profundamente, ajudará em alguma coisa? Será que a vingança tem poder de trazer o alívio para uma alma tomada pelo câncer da falta de perdão? Ao contrário de trazer qualquer espécie de melhora, estes sentimentos baixos colocam a pessoa que não perdoa debaixo de uma tortura angustiante. A falta de perdão esmaga a sua própria vítima roubando-lhe toda a motivação do seu viver. É digna de dó aquela pessoa que está algemada por este sentimento caído. Foi o Marquês de Maricá que disse: Quem não sabe perdoar os outros ainda não se conhece a si próprio.
As Escrituras nos ensinam que não vivemos mais na era do olho por olho, dente por dente. Mateus 5:38b. Porém na estação da graça, que diz: Mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra. Mateus 5:39b. O perdão é um atributo divino que foi doado graciosamente aos filhos de Deus na pessoa do Senhor Jesus Cristo.
O crime mais bárbaro, injusto e hediondo já registrado na humanidade aconteceu no ano 33 desta era.
Crucificaram, sem piedade alguma, o Justo de Deus.
Aquele que nunca pecou foi humilhado, espancado, ultrajado e por fim, levado para morrer de um modo horrendo. Pendurado numa cruz, ferido e abandonado por todos, agonizava em dores atrozes. Todo o requinte de maldade, perversidade e malignidade humanas foram usadas contra o Santo. Diante deste cenário, precisamos lembrar quais foram as últimas palavras do Senhor Jesus, antes de render o seu Espírito: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Lucas 23:34a. Enquanto que os carrascos, autoridades religiosas e o povo escarneciam do Mestre, a doce súplica por perdão chegava ao coração do Pai celestial. Que contraste incrível encontramos nesta cena. Os homens derramavam todo o seu ódio contra o Senhor, contudo, o Filho de Deus manifestava toda a plenitude de seu amor. Em meio aos sons de blasfêmias proferidas pelos cruéis espectadores, os céus ouviam um clamor de perdão feito pelo Santo.
Toda a repulsa, indignação e impropérios que os homens demonstraram contra o Senhor, serviram apenas para arrancar do seu mais profundo ser, graça e misericórdia por uma raça caída. A oração de Jesus pode ser traduzida desta forma: Pai, não lance na conta destes homens este pecado, pois estou pagando com o preço de minha própria vida! Será que podemos compreender o amor deste maravilhoso Senhor?
Charles L. Wallis disse: Perdão é o perfume da violeta no calcanhar que a esmaga. Alguém escreveu: O sândalo (árvore da Índia) nos ensina a viver. Perfuma a quem o fere. Por causa do meu pecado, toda a ira de Deus foi derramada sobre Jesus. Este amoroso Senhor entregou-se voluntariamente para ser esmagado por causa da malignidade de meu pecado. Cristo carregou sobre si toda a culpa da minha iniqüidade.
Nesta pessoa gloriosa, sou plenamente perdoado.
A base eterna do perdão oferecido pelo Senhor, encontra-se em Jeremias 31:34b: Pois, perdoarei as suas iniquidades, e dos seus pecados jamais me lembrarei. A plena justificação do pecador fundamenta-se na pessoa do Senhor Jesus Cristo.
Ele pagou um alto preço para que o escrito de dívida que era contra nós fosse totalmente rasgado. O seu sangue foi todo derramado. Isto é graça.
O apóstolo Pedro mostra que os filhos de Deus devem seguir as pisadas de seu Mestre. Está escrito em 1 Pedro 2:21-23: Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca, pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente. Pedro está lembrando que quando Jesus estava sendo injuriado, ele não desceu ao nível dos malfeitores para lhes devolver as ofensas. Ele não alimentou ódio em seu coração e nem desenvolveu um sentimento de vingança contra aqueles assassinos.
Em vez disso, entregava-se àquele que julga retamente todas as coisas. Jesus entregou aos cuidados de seu Pai todos os seus ferimentos, dores e injúrias. Agindo assim, Jesus estava proclamando que Deus é o único e verdadeiro Juiz.
A falta de perdão deve ser encarada como pecado contra a santidade de Cristo. É uma afronta ao sacrifício perfeito do Senhor Jesus. Uma pessoa que se recusa a perdoar, desconhece completamente o significado da obra do Calvário. Está tão cheia de si mesma e de direitos, que não consegue enxergar o abismo em que se encontra. Que pecado alguém poderia cometer contra mim que pudesse ser maior do que o meu próprio pecado diante de Deus?
Segundo Malcolm Smith, quando não perdoamos a alguém, estamos efetivamente aprisionando essa pessoa. Na mente daquele que não perdoa, o malfeitor está trancado para sempre, como uma pessoa que agiu mal. Enjaulamos aquele que nos feriu e o mantemos prisioneiro em nosso coração. O que acontece é que nos tornamos escravos da pessoa a
quem odiamos. O mesmo autor citado conclui: Todos os nossos pensamentos obscurecem-se diante do pensamento de tal pessoa, cuja sombra fica voejando continuamente sobre nossa vida. A vida se nos torna amarga, o ódio ferve logo abaixo da superfície, pronto para agredir qualquer pessoa que vier a fazer alguma coisa que nos desagrade. A amargura injeta veneno
em nossa corrente sangüínea, que perturba seriamente nossa saúde emocional e física. Com o passar do tempo, não sobra energia suficiente para gozarmos a vida. Tais pessoas foram entregues a seus verdugos; são os mortos-vivos.
Devemos encarar o fato de que todos os pecados da pessoa que contra nós pecou foram incluídos no sacrificio de Cristo, em sua morte e ressurreição.
Quando não perdoamos, desprezamos a eficácia do sacrificio do Senhor e agimos por conta própria.
Estevão foi injustamente condenado. De maneira brutal foi apedrejado até a morte. O seu último ato foi: Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz:
Senhor, não lhes imputes este pecado. Com estas palavras adormeceu. Atos 7:60. Se o pecado não foi lançado sobre a conta dos assassinos, foi lançado na conta de quem? Estevão estava reconhecendo que toda a maldade daqueles perversos já tinha sido lançada na conta do Senhor Jesus. Em sua morte e ressurreição, Cristo pagou toda a dívida do nosso pecado. Em que conta você tem lançado o pecado daquele que lhe feriu?
O fato de pessoas sofrerem injustiças, por grandes que possam ser, não lhes outorga direitos para abrigarem em seus corações mágoas, amarguras ou ressentimentos. Estes sentimentos devem ser reconhecidos, confessados e tratados como pecados.
Não se torne o próprio juiz de sua questão. Ouça a voz do Senhor ecoar em seu coração: Eu já paguei, deixe esta pessoa ir embora! Por fim, as palavras de Malcolm Smith são oportunas: Perdoar alguém não é dizer que não havia dívida a ser paga, e tampouco significa que não houve sentimentos feridos. Perdoar é liberar o devedor da dívida real que se lhe pesa, à luz do que Jesus fez. O apóstolo Paulo afirmou: Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também
Deus em Cristo vos perdoou. Efésios 4:32.
Somos livres em Cristo para perdoar. A graça nos permite dizer: Simplesmente, perdoe!
Tomaz Germanovix
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